No 2º turno, derrotar a direita e fortalecer a unidade popular
A 1ª rodada das eleições municipais se realizou em pleno
agravamento da situação internacional. Por todos os cantos ecoam os estalos da
crise mundial do capitalismo. Medidas de “austeridade” são aplicadas pelos
magnatas financeiros e seus políticos, para tentarem salvar sua ordem
exploradora e opressora às custas dos trabalhadores e dos povos. Até mesmo os
ideólogos burgueses reconhecem a grave situação: em face de uma Europa à beira
do abismo, o FMI reduziu a expectativa de crescimento.
No Brasil, a degradação do quadro econômico interno é
evidente. A previsões já estão bem abaixo dos prognósticos oficiais anteriores,
especialmente no que tange à indústria. Segundo o IBGE, foi de 0,7% a média de
crescimento nos dois 1ºs trimestres deste ano e de apenas 1,2% nos doze meses
anteriores a junho. Na projeção atual para 2012, o PIB deve crescer apenas
entre 1,5 e 2,5%.
Entretanto, tais temas, apesar de fundamentais, não
apareceram no debate e no processo eleitoral. A disputa, apequenada, foi
marcada pelos discursos e métodos da oposição vinculada diretamente aos
monopólios e ao latifúndio. Unida em diversas frentes – dos carteis da
comunicação a instâncias do Estado, como o STF – as forças mais conservadoras
atacaram o Governo Federal e seu principal partido.
A esquerda não deve enganar-se. Sob esse alvo eleitoral
fácil e simplificado, sob essa disputa que tenta arrastar todos à vala comum da
sujeira e da mediocridade, o que na verdade a reação deseja e pretende, além de
controlar os governos municipais, é desmoralizar, isolar e soterrar quaisquer
pensamentos progressistas, lutas democráticas, direitos trabalhistas e
movimentos populares.
Tal propósito real e prioritário foi facilitado pelo
Planalto e pelas agremiações do campo situacionista, sobretudo as mais
influentes, que alimentaram os ataques contra si próprios. Além de estarem
divididos por interesses distintos e entregues a cálculos oportunistas para
2014, seus erros na relação com a coisa pública municiaram a artilharia
adversária, sua política se mostrou indecisa, evasiva ou francamente defensiva,
sua linha eleitoral dificultou a mobilização popular e, com raras exceções,
suas campanhas reproduziram métodos tradicionais.
Por seu turno, os partidos legais de oposição à esquerda,
ao manterem posturas exclusivistas, também dificultaram a ampla unidade dos
setores democráticos e populares. O resultado foi a escalada de sectarismo e a
redução dos avanços institucionais para muito aquém das possibilidades
existentes. As exceções ocorreram nos poucos locais onde experiências avançadas
foram ensaiadas e se apontaram caminhos novos.
Agora, no 2º turno – embora sabendo-se que, em sua
maioria, os governos municipais nada terão de novos e continuarão nas mãos de
partidos incapazes de fazerem as reformas sociais de fundo que os trabalhadores
e o Brasil precisam –, pode haver uma derrota fragorosa dos setores mais
reacionários da política nacional e a criação de condições favoráveis para mais
e melhores lutas. Os revolucionários não são indiferentes ao que acontecerá nas
prefeituras. Ademais, a decadência eleitoral definitiva dos conservadores
dissuadirá os retrocessos e abrirá uma brecha maior para o diálogo qualificado
com as maiorias.
Portanto, nas cinquenta cidades onde a disputa continua,
a Refundação Comunista convida, além de seus militantes, simpatizantes e
aliados, todas as forças políticas e ativistas sociais para centrarem suas ações
contra os representantes demo-tucanos, inclusive contra seus testas-de-ferro de
sempre e seus aliados permanentes ou de ocasião. Declara que, salvo exceções,
eventuais atitudes abstencionistas, além de aprofundarem o isolamento de quem
as encampe, só reforçarão o que há mais arcaico na política. Ao mesmo tempo,
reafirma o seu compromisso com a construção de uma frente política capaz de colocar nas mãos do povo o
seu próprio destino.
Como exemplos desta tática eleitoral, os comunistas
apoiam: em Belém, Edmilson Rodrigues, do PSOL, por expressar concretamente a
aliança popular; em São Paulo, Fernando Haddad, do PT, para derrotar a direita
na mais importante cidade do País; em Salvador, Nelson Pelegrino, do PT, para
colocar uma pá de cal sobre o que sobrou do “carlismo”; em Fortaleza, Elmano
Freitas, do PT, para ajudar na vitória contra setores da oligarquia cearense; e
em Manaus, Vanessa Grazziotin, do PCdoB, para combater o símbolo do neoudenismo
congressual.
Brasil,
outubro de 2012,
O Comitê
Central da Refundação Comunista
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