terça-feira, 8 de dezembro de 2015

BARRAR O DESDÉM AO VOTO POPULAR

Os centros políticos a serviço das potências imperialistas e das frações monopolista-financeiras internas mais obscurantistas realizaram seu propósito imediato: a Câmara Federal está apreciando o pedido de impedimento à presidente. Os pretextos da direita, que são vários e de ocasião, sequer merecem análise séria, pois seus verdadeiros objetivos, camuflados, extrapolam as peças casuísticas. O instrumento da vez é o pedido assinado por Hélio Bicudo, eterna Vestal de ideologia conservadora e com mágoas antipetistas, e Miguel Reale Júnior, ultraliberal ligado organicamente ao tucanato. Para os envolvidos na trama, quanto pior melhor.

Trata-se da Santa Aliança entre o PSDB, legenda a serviço do carreirista e revanchista Aécio Neves, o DEM, agremiação com origem ligada ao regime militar, a Presidência da Câmara Federal, ocupada pelo desqualificado chantagista Eduardo Cunha e seus asseclas, e Bolsonaro, o caricato porta-voz da reação golpista. Tais políticos se tornaram a ponta de lança da conspirata para revogar o voto popular de 2014, interromper o mandato de Dilma Roussef, abrir caminho para um retrocesso global na vida nacional, promover uma restauração entreguista, realinhar completamente o Brasil com a geopolítica estadunidense e cercar as experiências progressistas nos países latino-americanos.

Tal plano foi, criteriosamente, preparado na sociedade civil, respaldado pelos magnatas da mídia privada e, no interior do aparelho de Estado, munido de investigações e processos orquestrados ou vazados seletivamente. Todavia, ganharam eficácia na crise do capitalismo – recessão, destruição de forças produtivas, desemprego e pobreza –, bem como no esgotamento do ciclo social-liberal, que em 12 anos se adaptou à sociedade burguesa, abdicou de quaisquer mudanças profundas e, por fim, aceitou a política econômica que entidades empresariais exigiram em nome do “pacto nacional”, à revelia dos interesses majoritários.

O combate às forças conservadoras – objetivando a defesa das conquistas trabalhistas, uma nova política econômica, reformas sociais e a construção da alternativa popular – deve concentrar-se, hoje, na tarefa de unir os segmentos democráticos, para além das classes sociais, ideologias, posições políticas, filiações partidárias e opiniões sobre o atual governo, com vistas a derrotar o impedimento. A Refundação Comunista – com a autoridade de estar fora do campo situacionista – apoia e se insere em todas as iniciativas que mobilizem e articulem amplas alianças de frente, disputas parlamentares e movimentos das grandes massas ainda disponíveis, que são alvo de intensa disputa.

IMPEACHMENT, NÃO!
A REAÇÃO E O CONSERVADORISMO NÃO PASSARÃO!

Brasil, 3 de dezembro de 2015,
A Comissão Política Nacional da Refundação Comunista – RC